Calafrio - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 160 / 164

— Para o expulsarem?

Nunca uma pessoa que fora «expulsa» parecia ter tão pouco a explicar como aquela criaturinha. Ele ponderou a minha questão, mas de um modo bastante distanciado e quase impotente.

— Bom, se calhar não devia ter dito o que disse.

— E a quem é que disse essas coisas?

Foi evidente o seu esforço para se lembrar, mas, passado algum tempo, acabou por desistir.

— Não sei!

Sentia-se tão desolado que quase me sorriu. A sua rendição era de tal forma completa que devia ter deixado as coisas por ali. Todavia, a vitória cegara-me e decidi continuar, isto apesar de algo me dizer que, a continuar assim, acabaria por separar-me dele para sempre.

— Isso significa que dizia essas coisas a toda a gente?

— Não, só as disse a... — Desolado, abanou a cabeça. — Não consigo lembrar-me dos nomes.

— Eram assim tantos?

— Não... poucos. Só àqueles de quem gostava.

Àqueles de quem ele gostava?! Sem dúvida que as coisas haviam voltado a complicar-se, e, durante alguns instantes, vi-me possuída por uma dúvida terrível: e se ele estivesse inocente? E, se assim fosse, qual seria o meu papel naquela história?





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