Calafrio - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 161 / 164

Com isto senti-me paralisada, incapaz de agir, e ele aproveitou para se afastar, soltando um profundo suspiro. Ao vê-lo de novo virado para a janela, compreendi estar agora triste por já não haver ali nada que me obrigasse a protegê-lo.

— E eles foram repetir aquilo que lhes disse? — insisti, ao fim de alguns momentos.

Miles encontrava-se agora a alguns passas de distancia, respirando com força, mas sem demonstrar qualquer sinal de raiva por ter sido obrigado a permanecer ali contra a sua vontade. Mais uma vez ele ergueu os olhos, desamparado, como se daquilo que antes o sustentava já nada restasse senão uma ansiedade inexplicável.

— Oh, sim, acredito que o tenham feito — conseguiu replicar. — Àqueles de quem eles gostavam — acrescentou.

Como aquilo ainda estivesse longe da confissão completa que esperava, insisti:

— E essas coisas acabaram por chegar...?

— Aos ouvidos dos professores? Oh, sim, claro que sim! — respondeu ele sem mais delongas.—Só não sabia que eles também acabariam por contá-las. — Os professores? Mas eles não contaram... nunca o fizeram. É por isso que estou a perguntar-lhe.

Ele voltou a brindar-me com uma visão do seu pequeno rosto febril.

— Sim, acho que era tudo muito feio.

— Muito feio?





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