Com isto senti-me paralisada, incapaz de agir, e ele aproveitou para se afastar, soltando um profundo suspiro. Ao vê-lo de novo virado para a janela, compreendi estar agora triste por já não haver ali nada que me obrigasse a protegê-lo.
— E eles foram repetir aquilo que lhes disse? — insisti, ao fim de alguns momentos.
Miles encontrava-se agora a alguns passas de distancia, respirando com força, mas sem demonstrar qualquer sinal de raiva por ter sido obrigado a permanecer ali contra a sua vontade. Mais uma vez ele ergueu os olhos, desamparado, como se daquilo que antes o sustentava já nada restasse senão uma ansiedade inexplicável.
— Oh, sim, acredito que o tenham feito — conseguiu replicar. — Àqueles de quem eles gostavam — acrescentou.
Como aquilo ainda estivesse longe da confissão completa que esperava, insisti:
— E essas coisas acabaram por chegar...?
— Aos ouvidos dos professores? Oh, sim, claro que sim! — respondeu ele sem mais delongas.—Só não sabia que eles também acabariam por contá-las. — Os professores? Mas eles não contaram... nunca o fizeram. É por isso que estou a perguntar-lhe.
Ele voltou a brindar-me com uma visão do seu pequeno rosto febril.
— Sim, acho que era tudo muito feio.
— Muito feio?