— Já sabia que eu não posso voltar para a escola?
— Sei tudo, Miles.
Ao ouvir aquilo, o garoto fitou-me durante muito tempo e de um modo deveras estranho.
— Tudo?
— Tudo. Posso então partir do principio que...— Não fui capaz de repetir a palavra.
Contudo, Miles não teve quaisquer problemas em fazê-lo.
— Não. Não roubei.
A expressão do meu rosto deve ter-lhe dado a entender que acreditava nas suas palavras. Mas as minhas mãos—ainda que por um puro sentimento de ternura—começaram a abaná-lo, como se quisesse saber porque motivo ele me condenara a vários meses de tortura quando, afinal, nada se passara.
— Então, que é que fez?
O garoto ergueu os olhos para o tecto e respirou fundo duas ou três vezes. Era como se estivesse no fundo do mar e erguesse os olhos para a vaga luz verde lá em cima.
— Bem... eu dizia umas coisas.
— Só isso?
— Eles acharam suficiente!