Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 35: Capítulo 35 Pág. 178 / 258

O canadiano saiu sem dizer nada.

- Se o senhor me permitir gostaria de fazer uma observação - disse-me Conselho. - O pobre Ned pensa em tudo o que não pode ter. Lembra-se de todas as coisas da sua vida passada. As recordações o perseguem e ele sofre. Temos de compreendê-lo. Afinal, o que ele pode fazer aqui? Nada. Não é um sábio como o senhor e não tem o mesmo interesse que nós temos pelas coisas admiráveis do mar. Ele daria tudo para poder entrar em uma das tabernas de sua terra.

Conselho tinha razão. A monotonia de bordo devia parecer insuportável ao canadiano habituado a uma vida livre e ativa. Por outro lado, os acontecimentos que poderiam interessá-lo eram raros. No entanto, naquele dia, um incidente veio recordar a Ned Land os seus dias de arpoador. Por volta das onze horas da manhã, encontrando-se à superfície do oceano, o “Nautilus” penetrou num cardume de baleias.

Sem dúvida foi ele que primeiro avistou uma baleia no horizonte. Olhei atentamente quando Ned chamou minha atenção e vi o dorso negro elevar-se e abaixar-se alternadamente, a cinco milhas do submarino.

- Se eu estivesse a bordo de um baleeiro, esse seria um encontro que me daria muito prazer - disse Ned Land. - Aquele é um animal de grande porte. Veja a força com que projeta colunas de água e de vapor! Com mil diabos! Por que tenho que estar preso a este pedaço de ferro?

A baleia continuava a aproximar-se do “Nautilus” e Ned Land não tirava os olhos dela. De repente ele exclamou

- Não é apenas uma baleia, professor! São dez, vinte, é um cardume inteiro! E eu não posso fazer nada! - lamentou-se.

- Por que você não pede ao Capitão Nemo uma autorização para caçá-las? - perguntou Conselho.





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