O canadiano desceu a escada para falar com o capitão. Alguns minutos depois apareceram os dois na plataforma.
O Capitão Nemo observou os cetáceos, que se encontravam a uma milha do “Nautilus” e comentou
- São baleias austrais. Fariam a fortuna de uma frota de baleeiros. O cardume é bem grande.
- Eu poderia caçá-las, Sr. Capitão - disse o canadiano - pelo menos para não esquecer o meu antigo mister de arpoador?
- Não precisamos de óleo de baleia a bordo, mestre Ned. Caçar apenas para destruir? - perguntou o capitão.
- No Mar Vermelho o senhor autorizou a caça ao dugongo - argumentou Ned Land.
- Foi diferente. Tratava-se de arranjar carne fresca para a minha tripulação. Agora, seria matar por matar. Sei que esse é um privilégio reservado ao homem, mas eu não admito esses passatempos assassinos. Ao destruir a baleia austral e as outras, seres inofensivos e bons, os homens de sua profissão, mestre Land, cometem uma ação lamentável. Foi assim que já despovoaram toda a Baía de Baffin e fizeram desaparecer toda uma população de animais úteis. Deixe em paz as baleias.
Dar semelhantes razões e conselhos a um arpoador era perder tempo. Ned Land olhava para o capitão sem compreender o que ele queria dizer. Depois assobiou o seu Yankee Doodle, meteu as mãos nos bolsos e virou-nos as costas.
Entretanto o Capitão Nemo observava o cardume de cetáceos e acabou por me dizer:
- Sem contar o homem, a baleia tem muitos inimigos naturais, professor.
Essas que estamos vendo, dentro de pouco tempo vão ter que enfrentar um deles. O senhor está vendo, a oito milhas para sotavento, aqueles pontos negros em movimento?