Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 36: Capítulo 36 Pág. 188 / 258

Durante uma parte da noite, a novidade da situação manteve-nos junto do painel do salão. O mar iluminava-se sob a irradiação elétrica do farol, mas estava deserto, pois os peixes não habitam em águas cobertas.

No dia seguinte, 19 de março, retomei o meu lugar no salão. A nossa velocidade era moderada. O “Nautilus” começava a voltar à superfície, mas prudentemente, esvaziando sem pressa os reservatórios.

Meu coração acelerou as batidas. Iríamos emergir e encontrar a atmosfera livre do pólo? Ainda não. O “Nautilus” bateu no fundo do banco de gelo, ainda muito espesso, a julgar pelo ruído abafado que se produziu. Durante todo o dia, sempre mais à frente, o submarino repetiu as tentativas de ir à superfície e continuou a se chocar contra o teto de gelo que nos cobria.

Eram oito horas da noite. Sentia-me muito nervoso e fui-me deitar mais cedo. Dormi mal naquela noite. Era constantemente assaltado ora pela esperança, ora pelo desespero. Levantei-me várias vezes. As experiências do “Nautilus” continuavam. Por volta das três horas da madrugada, observei que a superfície inferior do banco de gelo se encontrava apenas a cinquenta metros de profundidade.

Não voltei para o meu quarto. Os meus olhos se fixaram no manômetro. Continuávamos a subir seguindo por uma diagonal. O banco de gelo baixava por cima e por baixo em rampas alongadas.

Adelgaçava-se de milha para milha.

Finalmente, às seis horas da manhã do memorável dia 19 de março, a porta do salão foi aberta e o Capitão Nemo anunciou:

- Mar livre!





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