Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 44: Capítulo 44 Pág. 245 / 258

- Não, senhor - respondeu. - Não sei reconhecer a que nação pertence. Não tem a bandeira içada. Mas posso confirmar que se trata de um navio de guerra, porque uma longa flâmula se desenrola na extremidade do mastro grande.

Durante um quarto de hora, continuamos a observar o navio, que se dirigia para nós. No entanto, não podia admitir que tivesse reconhecido o “Nautilus” àquela distância e muito menos ainda que soubesse que era um engenho submarino.

Dali a pouco, o canadiano anunciou que o navio era um grande vaso de guerra, com esporão. Um couraçado com duas cobertas. Um espesso fumo negro saía de suas duas chaminés. As velas, amainadas, confundiam-se com a linha das vergas. Não trazia pavilhão e a distância não deixava ainda distinguir as cores da flâmula que flutuava como uma fita estreita no cimo do seu mastro. Nós o olhávamos avançar rapidamente para o “Nautilus”. Se o Capitão Nemo o deixasse aproximar, teríamos a nossa oportunidade de fuga.

- Professor - disse-me Ned Land - se o navio passar por nós, mesmo a uma milha de distância, atiro-me ao mar e peço-lhe que faça o mesmo. Eu o ajudarei a alcançá-lo.

Não respondi à proposta dele e continuei a observar o couraçado que se tornava cada vez maior. Quer fosse inglês, francês, americano ou russo, sem dúvida que nos acolheria, se o conseguíssemos alcançar.

- Lembre-se, senhor - disse-me então Conselho - que tenho muita prática de natação. Pode contar comigo para o rebocar até o navio - insistiu ele na sua promessa de ajuda.

Eu ia responder, quando um vapor branco saiu da proa do navio de guerra. No mesmo instante as águas agitadas pela queda de um corpo pesado salpicaram a ré do “Nautilus”. Logo a seguir ouvi a detonação.





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