Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 22: Capítulo 22 Pág. 91 / 258

O meu óculo caíra de suas mãos e ele parecia nem ter notado isso. Seria eu a causa de toda aquela ira?

Por fim o Capitão Nemo recuperou a calma. O seu rosto readquiriu o aspeto habitual. Dirigiu algumas palavras ao seu imediato e depois voltou-se para mim e disse:

- Sr. Aronnax - sua voz tinha um tom imperioso - exijo-lhe o cumprimento de um dos compromissos que assumiu comigo.

- De que se trata, capitão?

- O senhor e os seus companheiros vão se recolher voluntariamente à cela e ficarão trancados lá até que eu ache conveniente devolvê-los à liberdade.

- É o senhor quem manda - falei, olhando-o fixamente. - Posso lhe fazer uma pergunta?

- Nenhuma.

Diante desta resposta só me restava obedecer. Desci à cabina ocupada por Ned Land e Conselho e informei-os da determinação. Quatro homens da tripulação esperavam à porta e não houve tempo para as explicações que o canadiano queria. Voltamos à cela onde tínhamos passado a nossa primeira noite a bordo do “Nautilus”. Depois que ficamos sozinhos contei-lhes o que se tinha passado na plataforma do barco. Aliás, eu não tinha muita coisa para lhes contar.

Entretanto, mergulhei num abismo de reflexões e a estranha fisionomia do Capitão Nemo não me saía do pensamento. Mas eu era incapaz de juntar duas ideias lógicas e perdia-me nas mais absurdas hipóteses até que Ned Land me tirou daquela tensão.

- Serviram-nos o almoço, professor - anunciou-me ele.

Acabado o almoço, cada um de nós se recostou para o seu lado. Meus companheiros dormiram logo. Eu pensava sobre o que teria provocado neles aquele desejo imperioso de dormir, quando senti o meu cérebro invadido por forte torpor. Era evidente que haviam misturado substâncias soporíferas na comida que nos serviram. Tentei resistir ao sono mas não consegui.





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