A Queda de um Anjo - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 139 / 207

Eu nada sei de leis nem consultei quem as soubesse; ignoro se tenho direito a reclamar o que meu marido nunca reclamou. V. Exa. pode de pronto responder-me?

— Não, minha senhora. O que eu de pronto posso asseverar a V. Exa. é que, em honra da memória e cinzas do honrado brigadeiro do Sr. D. Miguel, não erguerei minha voz humilde no Parlamento, pedindo aos inimigos de D. Miguel favores para a viúva de Gonçalo Teles.

— Em tal caso… — balbuciou D. Ifigénia — baldou-se a minha pretensão. — Queira V. Exa. ouvir-me… Molesta-se com o fumo do charuto? — perguntou ele erguendo-se.

— Não, senhor.

Calisto acendeu o charuto com ademanes teatrais, e voltou a sentar-se, prosseguindo:

— Se o marido de V. Exa. houvesse profundamente estudado a sua árvore genealógica, ajuntaria alguns nomes, mais obscuros mas não menos antigos, à lista dos parentes em Portugal. Mais obscuros, digo eu; porém, a ilustração dos mais claros não é de invejar, minha nobilíssima senhora. Entre aqueles que se honram do parentesco dos Teles, dos Teives e ainda dos leoneses chamados Ponces de Leão, há um que dispensou estes apelidos por se não demasiar em composturas nobiliárias. E esse, minha senhora e prima, sou eu.

— V. Exa.?! — acudiu Ifigénia.

— Eu, que não costumo falar de meus antepassados, sem invocar o testemunho dos tratadistas nobiliárquicos, dos cronistas, dos genealógicos impressos e não impressos.





Os capítulos deste livro