A Queda de um Anjo - Cap. 35: Capítulo 35 Pág. 197 / 207

— Minha sobrinha veio comigo — observou o velho.

— Veio?! Coitada da infeliz senhora! Quanto desejava eu poder ir cumprimentá-la; mas, como estou indisposto com o Sr. Barbuda, não quero que ele me julgue capaz de irritar sua consorte com os meus despeitos. Pois, senhor, se sua sobrinha quiser ver a pompa e luxo com que está vivendo a manceba de seu marido, que vá à rua de S. João dos Bem Casados, e veja o palácio que está ao cimo da rua, onde os vizinhos dizem que mora a chamada «fidalga brasileira».

— Faz favor de tornar a dizer? — pediu Paulo desenrolando o nastro de uma enorme carteira escarlate, para fazer nota da residência da brasileira.

— Se eu lhe prestar de alguma coisa, aqui estou como principal amigo que fui do desgraçado Sr. Calisto Elói — ajuntou o abade de Estevães.

Ao fim da tarde deste dia, D. Teodora, que fremia de raiva desde que o tio lhe revelou as informações do padre, entrou com o velho numa sege de praça, por lhe dizerem que era muito longe a rua S. João dos Bem Casados.

Apeou à porta do palacete, que um logista lhe indicou. Perguntou ao criado, que lhe falou por um postigo da cavalariça, se estava em casa o Sr. Calisto.

— Não mora aqui — disse o lacaio.

— Mora aqui! — teimou D. Teodora.

— Já lhe disse que não mora aqui — recalcitrou o criado.

— Então aqui não está uma mulher viúva?

— Mulher viúva?

— Sim.

— Está lá em cima uma mulher viúva, que é a governante da casa.





Os capítulos deste livro