A Queda de um Anjo - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 29 / 207

Os serranos das províncias do Lácio não eram constrangidos a pagarem as delícias dos patrícios romanos. Estes, Sr. presidente, quando queriam divertir-se em espectáculos teatrais, pagavam-nos, e regalavam a gente pobre em vez de a obrigarem a entrar no erário com o estipêndio dos actores. (Sussurro e alguns «apoiados» provocados pelo sussurro.) Sr. presidente — continuou o orador, tomando rapé com a sofreguidão de quem teme que o raio inspirativo se arrefente — Sr. presidente! Eu tenho o desgosto de ter nascido num país em que o mestre-escola ganha cento e noventa réis por dia e as cantarinas, segundo me dizem, ganham trinta e quarenta moedas por noite. Eu sou de um país, Sr. presidente, em que se pede ao povo o subsídio literário para pagar com ele as tramóias da Lucrécia Bórgia. Eu sou de um país pobríssimo em que a vaia da Nação exangue sofre cada ano a sangria de algumas dúzias de contos para sustentar comediantes, farsistas, funâmbulos e dançarinas impudicas! Sr. presidente, V. Exa. sorriu-se, vejo que a Câmara está sorrindo, e eu ouso dizer a V. Exa. e aos meus colegas, como o poeta mantuano: Sunt lacrimoe rerum. Aqui é o ponto de se carpirem por seus filhos aqueles que se cuidam muito avantajados em civilização e seus avós. Aqui é o ponto de nos alembrarmos dos Israelitas livres, que sorriam em Jerusalém, e choravam depois escravos às margens do rio estranho. Depois será o declamarmos com o épico:

Em Babilónia, sobre os rios, quando

De ti, Sião sagrada, nos lembramos,

Ali com grã saudade nos sentamos

O bem perdido, míseros, chorando.

Os instrumentos músicos deixando





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