Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 14: XIV - Via dolorosa

Página 69
Por enquanto alguém e tem socorrido e continuará a socorrer. A misericórdia do Senhor é grande.

Neste tempo, aconteceu chegar ao convento a notícia de ter aparecido em Barrosas um brasileiro muito rico, procurando novas de uma irmã que deixara, quando, em criança, fora para a América. Ora a irmã do brasileiro era Rita de Barrosas, criada da abadessa. Grande alvoroço, e alegrias, e invejas no mosteiro!

Rita correu ao quarto de Ângela a mostrar a carta do vigário da sua freguesia, avisando-a de que o irmão iria brevemente buscá-la de liteira.

Dias depois, chegou a Viana Hermenegildo Fialho; e, dado aviso ao convento, foi procurar a irmã. Saíram a cumprimentá-lo as religiosas mais autorizadas, e folgaram de o ver comer pastéis ensopados em vinho do Porto com familiar lhaneza e proporções homéricas de estômago.

Ao outro dia, Rita saiu do mosteiro, depois de ter chorado abraçada em Ângela, única pessoa, dizia ela, de quem levava saudades, e de quem nunca se esqueceria.

Com este sucesso coincidiu a morte de D. Beatriz de Noronha. Contaram as criadas que o fantasma de José Maria, auxiliado por incómodos de bexiga, a matara, penetrando-a dum remorso dilacerante. E posto que a crítica e a medicina presumam que D. Beatriz haja sucumbido a uma cistite, ou qualquer outra moléstia mais ou menos grega, é certo que a velha, para lograr o espectro do merceeiro, deixou em testamento 960$000 réis para missas por sua alma de esmola de 240. Quatro mil missas! O diabo que se atreva a levar alma com tal recomendação, se é capaz!

Falecida Beatriz, solicitou Ângela novamente a sua saída. A prelada consultou Soror Cassilda, a qual respondeu que não tinha que ver com a saída, assim como não tivera com a entrada. Sempre discreta! Os frades desta senhora deviam ter sido sujeitos áticos bastantemente nos seus raciocínios.

<< Página Anterior

pág. 69 (Capítulo 14)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 69

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174