- Juras?
- Juro.
- Quero vê-lo, quero vê-lo já! gritou ela. O meu xaile, o meu chale!
Procure-me aí o meu xaile. Aposto que não lhe fizeram bem o curativo…
Positivamente não lho fizeram! Se não lhe acudo! Que diz ele? Chora?
Pobrezinho! Adormeceu? Onde é a ferida? Maldita seja eu! maldita seja eu!
Com uma exaltação delirante procurava abrir as gavetas, derrubava os moveis, arremessava as roupas, falando, gesticulando, e às vezes cantando.
- Meu Deus, faz-se tarde! Que ando eu a procurar? Que horas são? Ele falou no meu nome?
Veio tomar-me o braço:
- Vamos.
- Onde?
- Vê-lo. Quero vê-lo. Quero! não me diga que não. Quero pedir-lhe perdão, ama-lo, servi-lo, ser a sua criada, a sua enfermeira…
Parou, e desprendendo-se do meu braço:
- E a outra? Não a quero ver lá! Ela está lá? Não quero que ela o trate. Mato-a, se a vejo. A outra, não, não, não! Não a deixe chegar ao pé dele. Peço-lhe a si. Não, não a deixe chegar. Eu só, só eu basto.
Subitamente cerrou os olhos, estremeceu, deu um grande suspiro, e caiu no chão imóvel.
Levantei-a, deitei-a no sofá, borrifei-a de água; e ela com uma voz expirante:
- Eu morro! eu morro… chame um padre. Não lhe tinha dito…
Envenenei-me.
- Envenenou-se? gritei aterrado.
- Naquele frasco, ali!