Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 25: CAPÍTULO XIII

Página 139
Nunca mais tornaria a ver aquela branca cidade. Não fora ali feliz. Mas amamos todos aqueles lugares em que por qualquer sentimento ou por qualquer ideia a nossa natureza palpitou fortemente. E ali tinham ficados minhas.

Logo no primeiro dia de viagem, Carmen esteve expirante. Havia um forte balanço. O mar era grosso, e nós receávamos mau tempo quando nos avizinhássemos das correntes do golfo de Lião.

Carmen quase sempre queria estar na tolda, ao ar, ao sol, vendo o mar. Arranjava-se-lhe uma cama, e ali ficava, olhando, cismando, sofrendo, e conversando com o capelão de lord Grenlei, velho cheio duncção, que tinha um encanto singular falando das coisas do céu. Aquela cena era profundamente triste, sobretudo de tarde; o sol caía, a imensa sombra começava a cobrir o mar: Carmen falava baixo: nós, em redor, escutávamo-la, ou, calados, seguíamos o correr da maresia, olhávamos o fim da luz. Um marinheiro escocês vinha às vezes cantar as arias das suas montanhas, cantos de uma tristeza suave e larga como a vista de um lago.

Ao terceiro dia de viagem, Carmen, subitamente, teve um grande acesso de febre e quis confessar-se. O médico disse-nos que ela não chegaria a ver as montanhas da Espanha. Que horas dolorosas! Não imagina, senhor redator, que intensidade têm, na vasta extensão das águas, as dores humanas! Junta-se-lhes o sentimento da imensidade, e não sei que terrível instinto do irreparável.

A confissão de Carmen foi longa. Quando terminou quis falar-me.

- Adeus! disse-me ela, vou morrer.

Disse-lhe que não, quis dar-lhe esperanças efémeras.

- Não, não, respondeu ela, nada de enganos. Tenho coragem. Quem a não tem para ser feliz? Chame lord Grenlei.

Começou então diante de nós a falar da sua vida. Disse-nos qual fora a sua mocidade, os desvarios do seu coração, a exigência das suas paixões, e falou-nos da sua ligação com Ritmel, com elevação, como de um sentimento quase legítimo.

<< Página Anterior

pág. 139 (Capítulo 25)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 139

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240