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Capítulo 27: CAPÍTULO XV

Página 150

A sua vida na minha casa, era de um extremo recolhimento.

Parecia mais um refugiado político do que um amante amado. Não tinha relações nem convivências. às vezes de manhã saía num coupé cuidadosamente fechado, que perpetuamente estacionava à porta.

De tarde, às oito horas, saía também, e só o via no outro dia ao almoço, em que ele aparecia sempre levemente contrariado pelas cartas que lhe vinham de Londres e de Paris. Notei por esse tempo umas certas tendências místicas no seu espirito, de ordinário tão positivo e tão retilineo. Surpreendi-o mesmo uma vez lendo a Imitação.

Num carater logico e frio como o de Ritmel, aquele estado de espirito era decerto o sintoma de uma grave perturbação do coração.

Falava às vezes em Carmen, sempre com saudade. Gostava de conversar das coisas de religião e das legendas do céu. Falava na Trapa, no sossego imortal dos claustros, e nas quimeras da vida. Eu estranhava-o.

Desde que ele viera para Lisboa eu não voltara a casa da condessa, por um certo sentimento altivo de reserva e de orgulho. Nesse tempo estava ela absolutamente livre. O conde achava-se em Bruxelas, onde Mademoiselle Rise o tinha cativo dos nervosos e ágeis bicos dos seus pés, que então escreviam pequeninos poemas no tablado do teâtre du Prince Royal.

Um dia, inesperadamente, recebi da condessa um bilhete que dizia:

«Meu primo: Se um gelado tomado num terraço com uma velha amiga não sobrexcita excessivamente os seus nervos, espero-o esta tarde em… (era uma quinta ao pé de Lisboa que ela habitava algumas vezes no verão). Traga o seu amigo Ritmel.»

Mostrei o bilhete a Ritmel, e pelas seis horas da tarde rodávamos na estrada de… num coupé com os stores corridos.

A condessa tinha acabado de jantar.

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pág. 150 (Capítulo 27)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 150

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240