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Capítulo 28: QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I

Página 157
as ter eu mesmo inventado como solução defeito oratório, para semelhante contingência!

O cocheiro levantou a moeda, examinou-a à luz da lanterna, subiu outra vez à almofada, e partiu dizendo-me:

- Boa noite, meu amo!

Eu, atarantado, confuso, tirei maquinalmente o chapéu, e titubei algumas palavras vagas, não sabendo como despedir-me da pessoa que tinha ao meu lado.

Era a primeira vez que me achava perto de uma dessas formosas senhoras da sociedade, tenra, fina, delicada, como nunca vi ninguém! Tinha uma carnação láctea e aveludada, como a pétala de uma camélia, - prodígio de mimo só comparável ao de uma outra mulher que não conheço, e que uma noite passou por mim no salão de S. Carlos, encostada no braço de um homem e envolta num a grande capa branca de listas cor de rosa.

Aqueles que as conhecem, que as veem e lhes falam todos os dias, é possível que se não impressionem com o aspeto destas criaturas transcendentes. Para quem as encontra de perto pela primeira vez na sua vida não há coisa no mundo que mais perturbe. Homens habituados a arrostar com as mais violentas comoções, a olharem denodadamente para o perigo, para a desgraça ou para a glória, tremem diante desta simples coisa: o primeiro contato de uma mulher elegante! Daí vem o velho prestígio magnético das rainhas sobre os pajens, das castelãs sobre os menestréis. É uma sensação única. O ser humano bestificado converte-se por momentos num vegetal que vê.

Eu ficara imóvel e mudo.

Ela correu-me de cima a baixo com um olhar rápido, e dizendo-me obrigada com uma comoção tremula, estendeu-me dentre a nuvem negra das suas rendas a mão de que tinha descalçado a luva.

Entreguei a minha grossa mão a essa mão delicada, magnética, convulsa e fria, e senti percorrer-me todos os nervos um estremecimento elétrico despedido do shake-hands que ela me deu de um só movimento sacudido, fazendo tinir os elos de uma grossa cadeia que lhe servia de bracelete.

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pág. 157 (Capítulo 28)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 157

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240