Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 31: CAPÍTULO IV

Página 180

Sem saber o que fizesse, pensando todavia que uma ideia qualquer me ocorreria mais tarde como desfecho possível para esta situação tão imprevista, tão extraordinária, guardei a chave. Senti que me era preciso, primeiro que tudo, sair dali, retomar o ar livre, achar-me a sós comigo mesmo, refletir, raciocinar.

- Minha senhora - disse-lhe então - se amanhã, até ao meio dia, eu lhe não tiver reenviado esta chave, será sinal que me prenderam, que está tudo perdido. Se não souber mais de mim, quero dizer, se lhe não for restituída esta chave, fuja, esconda-se, faça como quiser. Interrogada, negue tudo. Eu preferirei mil vezes aceitar a responsabilidade desta morte a imputar-lha, e, por caso algum do mundo, será jamais o seu nome proferido por mim. Daqui até lá, para coordenar as suas ideias, para equilibrar a sua razão, para não enlouquecer, se quer um conselho de fisiologista, violente-se um pouco, abra uma janela, sente-se diante de um caderno de papel e escreva o que se passou. Depois queime o que escrever. O único meio de dominar uma situação como a sua, o único meio de verdadeiramente a compreender, é analisa-la. Houve um filósofo que deixou aos infelizes esta máxima: «Se a tua dor te aflige, faz dela um poema.» Vá escrever. Faça as suas memórias ou faça o seu testamento, mas escreva, e queime depois. Agora, adeus. Adeus até amanhã, ou quando não, adeus para sempre.

Ela conservava sempre a atitude extática em que caíra na cadeira de braços. Tinha a boca entreaberta, o lábio inferior tremia-lhe, com esse tocante gesto infantil que toma a desolação no rosto das mulheres, e grossas silenciosas, corriam-lhe em fio pelas faces e gotejavam lentamente nas rendas do vestido. Fez um movimento para se erguer, procurando articular uma palavra agradecimento.

<< Página Anterior

pág. 180 (Capítulo 31)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 180

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240