Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 31: CAPÍTULO IV

Página 179
que tudo quanto se aproximava de mim me trazia a punição, o castigo, e que tudo quanto se afastava fugia para longe com o meu último amparo, com o derradeiro socorro que eu ainda poderia ter neste mundo!… Foi neste delírio que lhe pedi a V…, um estranho, um desconhecido, que viesse ver-me… Para quê?.. nem eu sabia para quê… Para contar isto a alguém, para me decidir, para ter uma solução, para apressar um desenlace qualquer, para fugir de mim mesma… Ir à polícia era entregar esse infeliz à mais horrorosa das profanações. Dirigir-me a alguma das senhoras que conheço, ir bater à porta de uma família tranquila, que me receberia na casa de jantar ao levantar da mesa, que me apertaria as mãos, que me traria os seus filhos para eu beijar, e depois dizer-lhes de repente: Eu, que aqui estou, tinha um amante, e matei-o; venho convida-los para esta festa de vergonha e de ignominia!… Não. Era melhor fugir para o desconhecido, entregar-me ao acaso… Em tudo isto pensei confusamente, não sei como, sem continuidade, sem nexo, aos pedaços, depois que o vi, durante esta noite medonha. Não tenho hoje mais lucidez de espirito do que tinha ontem… Não sei o que hei de fazer… Sinto apenas que estou perdida, que é preciso que alguém venha, que é preciso que me levem… O senhor parece-me um homem generoso, leal, compadecido e bom… Sabe já o que me sucedeu, sabe onde ele está. Disse-lhe qual era a casa, disse-lhe o número da porta. Aqui tem a chave.

E tirando do seio uma corrente de ferro, de elos angulosos como de um cilício, que trazia suspensa do pescoço por dentro do roupão, abriu uma argola que lhe servia de remate, soltou uma pequena chave, e entregou-ma.

Deixou-se cair num fauteuil, inclinou a cabeça para traz e ficou prostrada, silenciosa, no abatimento, no abandono, no entorpecimento profundo que de ordinário se sucede às grandes crises nevrálgicas.

<< Página Anterior

pág. 179 (Capítulo 31)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 179

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240