É tão bom ser linda!
Dali a dois dias houve uma revista militar no campo de Longchamps. Catain Ritmel acompanhou-me. Eu tinha um lugar na tribuna do Jockey. Havia uma enorme multidão. Estava a imperatriz, a corte, a diplomacia; - a tribuna resplandecia de fardas, de joias, de plumas, de reflexos de seda. As músicas, os clarins, o rufar altivo dos tambores, o surdo ruído dos batalhões em marcha, o luzir das baionetas, as vozes de comando, o galopar dos cavalos, o brilho dos capacetes, o céu resplandecente, como um largo pavilhão azul, tudo fazia palpitar, dava estranhos sentimentos de guerra e de glória. E todo o corpo estremecia quando aquelas poderosas massas passavam gritando:
- Viva o imperador!
Sou uma pobre mulher, mas estremecia também!
A infanteria tinha passado. Ritmel fora falar com miss Shorn, que estava em companhia de Lady Lions. O barão Werter, embaixador da Prússia, ficara colocado junto dela.
Ia passar a artilheria e a cavalaria. O imperador, com o seu estado maior, tinha vindo colocar-se ao pé da tribuna do Jockey. Nós todos nos inclinávamos para ver os generais que o cercavam: Montauban, o que tomara Pequim; Canrobert com os seus longos cabelos brancos; a espessa figura de Besaine; o altivo perfil trigueiro de Mac-Mahon, que viera da Algéria…
Miss Shorn era também muito olhada na tribuna do Jockey. Dizia-se que a imperatriz lhe tinha sorrido e que madame de Talouet lhe mandara, sem a conhecer, um ramo de violetas do polo.
Mas os olhos começavam a voltar-se para o fundo da planície, donde a cavalaria devia partir, e corria um arrepio de entusiasmo perante um tão grande poder militar. Nessa manhã falava-se em certas reservas entre o gabinete de Berlim e as Tulherias. Lembrava-se Sadowa, mil coisas que eu não sei; e olhava-se muito para o barão Werter, que sorria com o seu tímido sorriso prussiano.