No entanto, a cavalaria formara em linha. Os clarins tocavam, as bandeiras desdobravam-se: e de repente aquela enorme massa despediu à carga cerrada do fundo do campo, para a tribuna do Jockey.
Os capacetes, as couraças, as espadas, faiscavam ao sol. O chão tremia sob o compasso do galope. Sentia-se já o tinir dos ferros. Distinguiam-se já os coronéis, esbeltos jovens condecorados. Ouvia-se o respirar ofegante dos cavalos. O imperador tinha-se descoberto, todos na tribuna estavam de pé… De repente, por um movimento único, toda aquela enorme coluna estacou firme, vibrante, imóvel, reluzente, agitando as espadas, e gritando:
- Hurrah! Viva o imperador!
A tribuna, de pé, respondeu:
- Hurrah!
Então, vendo uma tão admirável cavalaria, uma tão grande força, tanto prestígio imperial, e tomados do indomável orgulho das tradições ou possuídos da febre do sangue militar, muitos oficiais, que estavam nas outras alas, adiantaram-se, e elevando as espadas, gritaram:
- A Berlim! a Berlim!
Por todo o campo se ouviam agora gritos exaltados:
- A Berlim! a Berlim!
E na tribuna algumas vozes clamavam também:
- Sim, sim, a Berlim!
O imperador então, erguendo-se nos estribos, estendeu a mão aberta como impondo silencio, ou como dizendo: Esperai!
Àquele grito inesperado todo o estado maior se tinha apertado em torno do imperador, e eu que estava nos primeiros bancos da tribuna, vi o marechal Mac-Mahon deter subitamente o cavalo, voltar meio corpo rapidamente, e com a mão apoiada no xairel escarlate bordado a ouro, que cobria a anca do animal, erguer os olhos meio risonhos para o lado da tribuna em que estava o embaixador da Prússia. Eu segui o olhar do marechal, olhei também, e vi… como hei de dize-lo? Vi Ritmel.