Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 36: CAPÍTULO III

Página 199
existência do Chiado, que veste na Aline, que glorificações pode dar à sua paixão?

E depois é cruel, e é forçoso dize-lo: há sempre um momento em que uma mulher pergunta a si mesma se realmente são as grandes qualidades morais do seu amante que a dominaram. Porque então haveria justificações. E há uma profunda humilhação na nossa consciência quando nos chegamos a convencer de que, se amamos um homem, não foi só a nobreza das suas ideias e o ideal dos seus sentimentos que nos dominaram, mas um não sei quê, em que entra talvez a cor do seu cabelo e o nó da sua gravata. Sejamos francas; para que havemos de disfarçar a pequenez estreita das nossas inclinações? Para que havemos de colorir de ideal a origem vulgar das nossas preferências? Não quero dizer que as elevações morais não sejam um auxiliar poderoso à simpatia instintiva; mas o que na realidade nos domina é o exterior de um homem. Que todas as que lerem estas confidências dolorosas se consultem no silêncio do seu coração e digam o que determinou nelas a sensação: se foi o carater ou se foi a fisionomia. E as que forem francas dirão que na sua vida influiu talvez mais a cor de um frack, do que a elevação de um espirito.

Sim, digo-o, francamente, daqui deste canto do mundo, em que o ruido das coisas tem o som oco da tampa de um esquife: os desvarios do coração em nós outras, nada os absolve, quase nada os explica.

Fui nova; tive, como todas, as minhas horas de tédio assaltadas de quimeras; tive os meus romances íntimos, que nasciam, sofriam, morriam entre duas flores do meu bordado. Criei aventuras, dramas apaixonados e fugas dramáticas, aconchegadamente encolhida na minha poltrona, ao canto do fogão.

Conheci mais tarde muitos carateres femininos e a história de muitas sensibilidades.

<< Página Anterior

pág. 199 (Capítulo 36)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 199

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240