Passa um rapaz, airoso ou forte, louro ou trigueiro, imbecil ou medíocre. Olhamo-nos. Traz um cravo ao peito, uma gravata complicada. Temo o cabelo mais bonito do que o do meu marido, o talhe das suas calças é perfeito, usa botas inglesas, pateia as dançarinas!
Estou encantada! sorrio-lhe. Recebo uma carta sem espirito e sem gramatica. Enlouqueço, escondo-a, beijo-a, releio-a, e desprezo a vida.
Manda-me uns versos - uns versos, meu Deus! e eu então esqueço meu marido, os seus sacrifícios, a sua bondade, o seu trabalho, a sua doçura; não me importam as lágrimas nem as desesperações do futuro; abandono probidade, pudor, dever, família, conceitos sociais, relações e os filhos, os meus filhos! tudo - vencida, arrastada, fascinada por um soneto errado, copiado da Grinalda!
Realmente! É a isto, minhas pobres amigas, que vós chamais - fatalidade da paixão!
E no entanto como corresponde ele a este sacrifício terrível?
Como tem uma aventura, não pode ocultar a sua alegria, toma ares misteriosos, provoca as perguntas; compromete-me; deixa-me para ir esperar os touros em intimidades ignóbeis; mostra as minhas cartas em cima da mesa de um café, ao pé de uma garrafa de cognac; jura aos seus amigos que me não ama, e que é - para se entreter; e se o meu marido o chicotear no meio do Chiado, como é vil, cobarde, vulgar e imbecil, irá queixar-se à Boa Hora!
Et voilá D. Juan!…
Não! é necessário demolir pelo ridículo, pela caricatura, pelo chicote e pela polícia correcional, esse tipo indigno que se chama o conquistador. O conquistador não tem atracão, nem beleza, nem elevação, nem grandeza como tipo, - e como homem não tem educação, nem honestidade, nem maneiras, nem espirito, nem toilete, nem habilidade, nem coragem, nem dignidade, nem limpeza, nem ortografia…
Perdoe-me, meu primo, estas exaltações.