Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 36: CAPÍTULO III

Página 201
O meu marido é um homem honesto e trabalhador. Cansa-se, luta, prodigaliza-se: logo de manhã sai para o seu escritório, ou para o seu jornal, ou para o seu ofício, ou para o seu ministério; cércea o seu sono, almoça à pressa, quebra o seu descanso. Todo ele é atenção, vigília, trabalho, sacrifício. Para quê?

Para que os nossos filhos tenham uns bibes brancos, e uma ama asseada; para que as minhas cadeiras sejam de estofo e não de pau; para que os meus vestidos sejam de seda e talhados na Marie, e não de chita e cosidos pelas minhas mãos, de noite, a um candeeiro amortecido.

Meu marido é um homem honesto, simpático, serio, afável. Não usa pós de arroz, nem brilhantine, não tem gravatas de aparato, não tem a extrema elegância de ser moço de forcado, não escreve folhetins; trabalha, trabalha, trabalha! Ganha com o seu cansaço, com os seus tédios, em horas pesadas e longas, o jantar de todos os dias, o vestuário de todas as estações. A sua consolação sou eu, o centro da sua vida sou eu, o seu ideal e o seu absoluto sou eu! Não faz poemas românticos, porque eu sou o seu poema íntimo, a musa dos seus sacrifícios; não tem aventuras porque eu sou a sua esposa; não tem viagens gloriosas pelos desertos nem o prestígio das distâncias, porque o seu mundo não é maior do que o espaço que enche o som da minha voz; não ganhou a batalha de Sadowa mas ganha todos os dias a terrível e obscura batalha do pão dos seus filhos…

É justo, é bom, é dedicado. Dorme profundamente porque o seu cansaço é legítimo e puro; gosta da sua robe de chambre porque trabalhou todo o dia. Julga-se dispensado de trazer uma flor na boutoniére porque traz sempre no coração a presença da minha imagem.

Pois bem! que faço eu?

Aborreço-me.

Logo que ele sai, bocejo, abro um romance, ralho com as criadas, penteio os filhos, torno a bocejar, abro a janela, olho.

<< Página Anterior

pág. 201 (Capítulo 36)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 201

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240