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Capítulo 37: CAPÍTULO IV

Página 205
A minha única absolvição estava na verdade da minha paixão. Quanto mais me separasse do mundo e me desse ao meu amor; mais me aproximava da dignidade. Nas situações definidas e corajosas há sempre um lado honesto; o que repugna ao instinto casto são as conciliações hipócritas. A posição que me restava, era ser de Ritmel, só dele e para sempre: e eu sentia que ele se ia lentamente afastando de mim como eu me afastava do meu marido.

Era a minha entrada na expiação.

Nestes amores, o castigo não vem só do mundo: eles mesmo contêm os elementos da justiça cruel. O coração é o primeiro castigado pela mesma paixão. A punição da falta contra a honra vem mais tarde pelos juízos dos homens.

Eu estava então diante da maior miséria moral em que se pode encontrar uma mulher nestas condições lamentáveis.

Eu amava Ritmel, Ritmel queria casar.

Que faria, meu Deus? Iria em nome da minha paixão desviar aquela existência de homem, da linha natural, simples, humana, que leva ao casamento, à família, ao dever?

Devia eu impedir que ele casasse? Mas não era isto impedir, abafar a legitima expansão da sua vida? Não era proscreve-lo das fecundas e serenas alegrias da família, para o ter preso nos ásperos, nos estéreis sobressaltos de uma paixão romântica?

Tinha eu o direito de sequestrar aquele homem para uso exclusivo do meu coração, encarcera-lo dentro de uma ligação ilegítima e secreta, onde ele se esterilizaria, onde os seus talentos e as suas qualidades se enferrujariam como armas inúteis, e toda a sua ação social se limitaria a seguir o frou-frou dos meus vestidos? Não dava isto ao meu sentimento um aspeto de egoísmo animal? Não tirava isto ao meu amor a melhor qualidade: a virtude do sacrifício?

Poderia eu priva-lo de ter um

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pág. 205 (Capítulo 37)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 205

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240