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Capítulo 5: CAPÍTULO IV

Página 23
Era efetivamente um lenço. Guardei-o, apalpei-o no bolso com grande delicadeza de tato; era fino, com rendas, um lenço de mulher. Parecia ter bordadas uma firma e uma coroa.

Neste momento deram nove horas. Um dos mascarados exclamou, dirigindo-se a F…

- Vou mostrar-lhe o seu quarto. Desculpe-me, mas é necessário vendar-lhe os olhos.

F. tomou altivamente o lenço das mãos do mascarado, cobriu ele mesmo os olhos, e saíram.

Fiquei só com o mascarado alto, que tinha a voz simpática e atraente.

Perguntou-me se queria jantar. Contanto lhe respondesse negativamente, ele abriu uma mesa, trouxe um cabaz em que havia algumas comidas frias. Bebi apenas um copo de água. Ele comeu.

Lentamente, gradualmente, começámos a conversar quase em amizade. Eu sou naturalmente expansivo, o silêncio pesava-me. Ele era instruído, tinha viajado e tinha lido.

De repente, pouco depois da uma hora da noite, sentimos na escada um andar leve e cauteloso, e logo alguém tocar na porta do quarto onde estávamos. O mascarado tinha ao entrar tirado a chave e havia-a guardado no bolso. Erguemo-nos sobressaltados. O cadáver achava-se coberto. O mascarado apagou as luzes.

Eu estava aterrado. O silêncio era profundo; ouvia-se apenas o ruido das chaves que a pessoa que estava fora às escuras procurava introduzir na fechadura.

Nós, imoveis, não respirávamos.

Finalmente a porta abriu-se, alguém entrou, fechou-a, acendeu um fosforo, olhou. Então vendo-nos, deu um grito e caiu no chão, imóvel, com os braços estendidos.

Amanhã, mais sossegado e claro de recordações, direi o que se seguiu.

* * * * *

P.S. - Uma circunstância que pode esclarecer sobre a rua e o sítio da casa: De noite senti passarem duas pessoas, uma tocando guitarra, outra cantando o fado.

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 23

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240