Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 43: CAPÍTULO X

Página 233

Ele sorriu. E - meu Deus! - aproximou-se, creio que sorriu, e tomou o copo! E com o copo na mão:

- E sabe, disse ele, que ninguém o crê mais do que eu!… Se não fosse o teu amor como poderia eu viver?

E conservava o copo erguido. Eu estava como fascinada. Via o reflexo da água, parecia-me vagamente esverdeada. Via as cintilações do cristal facetado.

Finalmente bebeu!

… Desde esse momento fiquei num terror. Se ele morresse? Meu Deus, por quê? Não se dá ópio às crianças, aos doentes? não é ele a clemente pacificação das dores? Não havia perigo. Quando acordasse eu seria tão sua amiga, tão terna com ele, para me absolver daquela aventura imprudente! Ainda que seja culpado, amá-lo-ei! pensava eu. Pobre dele! Não lhe bastava ter de dormir assim forçadamente num sono pesado e cruel? Amá-lo-ia, culpado. Traída, amá-lo-ia ainda!

Ele entretanto estava calado, no sofá, com a cabeça encostada. De repente pareceu-me vê-lo empalidecer, ter uma anciã, sorrir. Não sei o que houve então. Não me lembra se falámos, se ele adormeceu brandamente, se alguma convulsão o tomou. De nada me lembro.

Achei-me ajoelhada ao pé dele. Devia ser meia noite. Estava imóvel, deitado no sofá. Tinham passado duas horas. Senti-o frio, via-o lívido, não me atrevia a chamar Bety. Dei alguns passos pelo quarto num a distração idiota. Cobri-o com uma manta.

- Vai acordar dizia eu maquinalmente. Compus-lhe os cabelos ligeiramente desmanchados. De repente a ideia da morte apareceu-me nítida, e pavorosa. Estava morto! Senti como o fim de todas as coisas. Mas chamei-o, chamei-o brandamente, e com doçura…

- Ritmel! Ritmel!

E andava nos bicos dos pés para o não acordar! Subitamente estaquei, olhei-o avidamente, precipitei-me sobre o corpo dele, envolvi-o, gritando sufocada:

- Ritmel! Ritmel!

Ergui-o: a alucinação dava-me uma força cruel.

<< Página Anterior

pág. 233 (Capítulo 43)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 233

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240