É mais cruel o teu destino: tu morres e desapareces! Não ensombrarão a tua campa as árvores tristes dos cemitérios. As aves que passarem nos céus não baixarão a beber da água que as chuvas tiverem deixado na urna do teu mausoléu. A lua, terna amiga dos mortos, não virá beijar por entre a rama negra dos ciprestes, a brancura da tua campa. O orvalho das madrugadas não chorará nas flores do teu jazigo. As abelhas não murmurarão em torno das rosas plantadas sobre o teu corpo. As borboletas brancas não adejarão no fluido de ti mesmo que pudesse romper do seio da terra para a luz da manhã no aroma dos jasmineiros e dos goivos. A tua mãe, pensativa e pálida, procurará debalde a grade em que se ampare ao dobrar os joelhos e levantar para o céu esse olhar de interrogação em que a lembrança dos filhos mortos se envolve como na túnica luminosa de uma ressurreição.
O mascarado alto, curvou-se sobre o cadáver de Catain Ritmel e ergueu-o vigorosamente pelos ombros. Nós amparámos o corpo e descemo-lo ao fundo da cova. O mascarado, ajoelhando-se depois no chão, cobriu com um lenço o rosto do morto e disse, como se estivesse falando a uma criança adormecida:
- Descansa em paz! Eu irei dizer a tua mãe o lugar em que repousa o teu corpo, e voltarei a ajoelhar-me sobre esta sepultura depois de ter recebido no meu próprio seio as lágrimas que ela derramar por ti. Adeus, Ritmel! adeus!
E impeliu em seguida para dentro da cova uma grande porção da terra amontoada aos pés. A terra desabou de chofre sobre o cadáver, levantando um som baço e mole.