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Capítulo 45: CAPÍTULO II

Página 242
muralha, que media a altura de quatro andares, era da cor da estamenha, sombria e triste, manchada de grandes nodoas esverdeadas e negras como o capuz de um ermita, uma espécie de lençol em que se enrolasse para o enterro uma casa morta. Havia um ponto em que esta facha se recolhia, formando o pátio por onde se entrava para o convento, cuja porta, mordida pelos anos, chapeada e cravejada com enormes pregos, se via no fundo através dos grossos varões de uma grade de ferro. Pelas juntas desarticuladas das grandes pedras que lajeavam o pátio, rompiam moitas de ortigas, com a rudeza de cabelos hirsutos, saídos pelos rasgões de um barrete. Do meio do largo surgia o bocal da um poço, cujo balde seguro por uma corda de esparto pendia de uma estaca. No chão estavam estendidos os andrajos das pobres da vizinhança, que vinham lava-los ao pé do poço, e nesse recinto os deixavam a enxugar juntamente com as enxergas dilaceradas e apodrecidas dos berços dos seus pequenos. A um canto do pátio pendia do muro uma corrente de ferro com que se tangia uma sineta interior. A este sinal via-se numa abertura da alvenaria rodar no muro um cilindro de madeira, que por um movimento vagaroso metia para dentro a sua superfície côncava e mostrava para fora o seu interior convexo. Parecia quando isto se ouvia que o taciturno monstro entreabria a pálpebra, deixando ver uma orbita sem olho. Este aparelho chama-se a roda. A condessa pronunciou aí uma palavra, a que respondeu de dentro uma espécie de gemido, e foi esperar em seguida para junto da porta negra ao fundo do pátio.

Quando a porta se abriu e o primo da condessa lhe apertou pela última vez a mão, as lágrimas, que até aí conseguira dificultosamente reprimir, saltaram-lhe dos olhos.

- Acha horrível, não é verdade? perguntou-lhe ela com um sorriso em que transparecia a estranha luz da resignação das mártires antigas.

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pág. 242 (Capítulo 45)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 242

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240