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Capítulo 8: CAPÍTULO VII

Página 38
Aquele homem não se tinha suicidado. Não estava decerto só, no momento em que bebera o ópio. O narcótico tinha-lhe sido dado, sem violência evidentemente, por ardil ou engano, num copo de água. A ausência do lenço, o desaparecimento da gravata, a colocação do fato, aquele cabelo louro, uma cova recentemente feita no travesseiro pela pressão de uma cabeça, tudo indicava a presença dalguém naquela casa durante a noite da catástrofe. Por consequência: impossibilidade de suicídio, verosimilhança de crime.

O lenço achado, o cabelo, a disposição da casa, (evidentemente destinada a entrevistas íntimas) aquele luxo da sala, aquela escada velha, devastada, coberta com um tapete, a corda de seda que eu tinha sentido… tudo isto indicava a presença, a cumplicidade de uma mulher. Qual era a parte dela naquela aventura? Não sei. Qual era a parte de A. M. C.? Era o assassino, o cúmplice, o ocultador do cadáver? Não sei. M. C. não podia ser estranho a essa mulher. Não era decerto um cúmplice tomado exclusivamente para o crime. Para dar ópio num copo de água não é necessário chamar um assassino assalariado. Tinham por consequência um interesse comum. Eram amantes? Eram casados? Eram ladrões? E acudia-me à memória aquela inesperada referencia a 2:300 libras que de repente me tinha aparecido como um novo mistério. Tudo isto eram conjeturas fugitivas. Para que hei de repetir eu todas as ideias que se formavam e que se desmanchavam no meu cérebro, como nuvens num céu varrido pelo vento?

Há decerto na minha hipótese ambiguidades, contradições e fraquezas, há nos indícios que colhi lacunas e incoerências: muitas coisas significativas me escaparam por certo, ao passo que muitos pormenores inexpressivos se me gravaram na memória, mas eu estava num estado mórbido de perturbação, inteiramente desorganizado por aquela aventura, que inesperadamente, com o seu cortejo de sustos e mistérios, se instalara na minha vida.

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pág. 38 (Capítulo 8)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 38

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240