Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I

Página 52
para o círculo da luz trepidante projetada pelo candeeiro e contornada no teto pela abertura do abat-jour, e começaram a desafogar-se-me os comprimidos espasmos do coração em bocejos longos acompanhados de estremecimentos nervosos, que me convidavam suavemente ao repouso. A minha imaginação ocupada num trabalho inconsciente, semelhante ao dos sonhos, ia tirando no entanto do caso que eu presenciara as ramificações mais ilógicas e mais fantásticas. Os sucessos porque passámos desde a estrada de Sintra até à minha entrada neste quarto apareciam-me redemoinhando convulsamente no ar como um enorme enigma figurado, cujos objetos tumultuavam impelidos pelos pontapés de diabinhos sarcásticos, que se riam para mim e me deitavam de fora as linguazinhas em brasa.

Fui caindo molemente num despego languido, fecharam-se-me os olhos, adormeci.

Ao acordar, depois de um sono breve mas sossegado e reparador, encarei na ceia que reluzia aos meus olhos.

Havia sobre a mesa um pão, uma caixa de lata com sardinhas de Nantes, uma terrinazinha de foie gras, uma perdiz, uma fatia de queijo e três garrafas de vinho de Bourgogne, lacradas de verde; junto destas, quatro garrafas de soda. Na argola de prata do guardanapo estava passado o saca-rolhas. Sobre uma bandeja de metal erguia-se um feixe de charutos cor de chocolate, luzidios, gordos, apertados nas extremidades com duas fitas de seda carmesim. Em cima da caixa das sardinhas achava-se colocado o instrumento destinado a abri-la. O copo era de cristal finíssimo, o garfo de prata dourada, a faca de cabo de madrepérola, os pratos de porcelana brancos, cercados de um estreito filete dourado e verde. Atirei rapidamente com os pés para o chão. Sentei-me no sofá, senti a fome encavalar-se-me no dorso, carregar-me na cabeça para cima da ceia, cingir-me a cinta com as suas pernas esgalgadas e cravar-me no estomago vazio os acicates da gula.

<< Página Anterior

pág. 52 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 52

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240