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Capítulo 13: QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I

Página 81
Tive sim, nos primeiros tempos em que fui àquela casa, um amor indefinido, uma fantasia delicada, um desejo transcendente por aquela doce criatura. Disse-lho até; ela riu, eu ri também; apertámo-nos gravemente a mão; jogámos nessa noite o écarté; e ela terminou por fazer numa folha de papel a minha caricatura. Desde então fomos amigos; nunca mais reparei que ela fosse linda; achava-a um digno rapaz, e estava contente. Contava-lhe os meus amores, as minhas dívidas, as minhas tristezas: ela sabia ouvir tudo, tinha sempre a palavra precisa e definitiva, o encanto consolador. Depois, também, ela contava-me os seus estados de espírito nervosos, ou melancólicos.

- Estou hoje com os meus blue decils, dizia ela.

Fazíamos então chá, falávamos baixo ao fogão. Ela não era feliz com o marido. Era um homem frio, trivial e libertino; o seu pensamento era estreito, a sua coragem preguiçosa, a sua dignidade desabotoada. Tinha amantes vulgares e grosseiras, fumava impiedosamente cachimbo, cuspia o seu tanto no chão, tinha pouca ortografia. Mas os seus defeitos não eram excecionais, nem destacavam. Lord Grenlei dizia dele admirado:

- Que homem! não tem espírito, não tem mão de rédea, não tem ar, não tem gramatica, não tem toilete, e todavia não é desagradável.

Mas a natureza fina, aristocrática, da condessa, tinha ocultas repugnâncias, com a presença desta pessoa trivial e monótona. Ele no entanto estimava-a, dava-lhe joias, trazia-lhe às vezes um ramo de flores, mas tudo isso fazia indiferentemente, como guiava o seu dog-cart.

O conde tinha por mim um entusiasmo singular: achava-me o mais simpático, o mais inteligente, o mais bravo; pendurava-se orgulhosamente do meu braço, citava-me, contava as minhas audácias, imitava as minhas gravatas.

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pág. 81 (Capítulo 13)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 81

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240