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Capítulo 13: QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I

Página 80
ligado com aquele infeliz rapaz, tão fatalmente morto, motivado a sua presença em Lisboa, e determinado esse desenlace passado numa alcova solitária, numa casa casual, ao desmaiado clarão de uma vela, ao pé de um ramo de flores murchas. Outros, os que o sabem, que contem os transes dessa noite. Eu não. Não quero ouvir apregoar pelos vendedores de periódicos a história das dores mais profundas de um coração que estimo.

Senhor redator, há três anos a casa onde eu mais vivia em Lisboa, aquela em que tinha sempre o meu talher, e a minha carta de whist, onde ria as minhas alegrias, e fazia confidências das minhas tristezas, era a casa do conde de W. A condessa era minha prima.

Era uma mulher singularmente atraente: não era linda, era pior: tinha a graça. Eram admiráveis os seus cabelos loiros e espessos; quando estavam entrelaçados e enrolados, com reflexos de uma infinita doçura de ouro, parecia serem um ninho de luz. Um só cabelo que se tomasse, que se estendesse, como a corda num instrumento, de encontro à claridade, reluzia com uma vida tão vibrante que parecia ter-se nas mãos uma fibra tirada ao coração do sol.

Os seus olhos eram de um azul profundo como o da água do Mediterrâneo. Havia neles bastante império para poder domar o peito mais rebelde; e havia bastante meiguice e mistério, para que a alma fizesse o estranho sonho de se afogar naqueles olhos.

Era alta bastante para ser altiva; não tão alta que não pudesse encostar a cabeça sobre o coração que a amasse. Os seus movimentos tinham aquela ondulação musical, que se imagina do nadar das sereias.

De resto, simples e espirituosa.

Dizer-lhe que os meus olhos nunca se demoraram amorosamente na pureza infinita da sua testa, e na curva do seu seio seria de um estranho orgulho.

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pág. 80 (Capítulo 13)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 80

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240