Roque, e ouvia-se em terra o rufar dos tambores.
A condessa, sentada numa cadeira indiana, olhava para as pequenas povoações espanholas que assentam na baía.
O oficial inglês, Catain Ritmel, conversava a distância com o conde, que adorava já a sua figura cativante e altiva, as suas aventuras da India, e a excêntrica forma do seu chapéu, que ele trazia com uma graça distinta e audaz. O capitão tinha na mão um álbum e um lápis.
- Catain, disse-lhe eu tomando-lhe o braço, vou leva-lo a minha prima, a senhora condessa. Esconda os seus desenhos, ela é implacável e faz caricaturas.
A condessa estendeu ao inglês uma pequena mão, magra, nervosa, macia, com umas unhas polidas como o marfim de Diepe.
- Meu primo disse-me, Catain Ritmel, que tinha mil histórias da India para me contar. Já lhe digo que lhe não perdoo nem um tigre, nem uma paisagem. Quero tudo! adoro a India, a dos Índios, já se vê, não a dos senhores ingleses. Já esteve em Malta? é bonita?
- Malta, condessa, é um pouco de Itália e um pouco de Oriente. Surpreende por isso. Tem um encanto estranho, singular. De resto é um rochedo.
- Demora-se em Malta? perguntou a condessa.
- Uma semana.
A condessa estava torcendo a sua luva; ergueu os olhos, pousou-os no oficial, tossiu brandamente, e com um movimento rápido:
- Ah! vai deixar-me ver o seu álbum.
- Mas, condessa, está branco, quase branco; tem apenas desenhos lineares, apontamentos topográficos.
- Não creio; deve ter paisagens da India, há de haver aí um tigre, pelo menos, a não ser que haja uma baiadera!
E com um gesto de graça vitoriosa, tomou o álbum da mão do oficial.
O capitão fez-se todo vermelho. Ela folheou o livro e de repente deu um pequeno grito, corou, e ficou com o álbum aberto, os olhos húmidos, risonhos, os lábios entreabertos.