Adora o romanesco aquela pobre condessa! Em Portugal, nem nos romances o há. Caçou o tigre, capitão?
- Um pouco. Fala o inglês sua prima?
- Como uma portuguesa, mal; mas ouve com os olhos, e adivinha sempre.
Separámo-nos.
- Arranjei-lhe um romance, um lindo romance, prima - disse eu entrando na sala, onde o conde escrevia cartas, cachimbando; - um romance onde se caçam tigres com rajahs, onde há baiaderas, florestas de palmeiras, guerras inglesas, e elefantes…
- Ah! como se chama?
- Chama-se Catain Ritmel, oficial de artilheria, 28 anos, em viagem para Malta, bigode loiro, um pouco da India nos olhos, muito da Inglaterra na excentricidade, um perfeito gentleman.
- Um bebedor de cerveja! disse ela, desfolhando a flor de catos.
- Um bebedor de cerveja! gritou o conde erguendo a cabeça com uma indignação cómica. A minha querida, diante de mim, pelo menos, não digas isso se não queres fazer-me cabelos brancos! Estimo os ingleses e respeito a cerveja. Um bebedor de cerveja! Um rapaz daquela perfeição!… murmurava ele, fazendo ranger a pena.
Ao outro dia subíamos para bordo do paquete da India, o Ceilão. Eram 7 horas da manhã. O morro de Gibraltar mal acordada tinha ainda o seu barrete de dormir feito de nevoeiro. Havia já viajantes e oficiais sobre a tolda. O chão estava húmido, havia uma confusão violenta de bagagens, de cestos de fruta, de gaiolas de aves; a escada de serviço via-se cheia de vendedores de Gibraltar. A condessa recolheu-se à cabine, para dormir um pouco. às 9 horas quase todos os passageiros que tinham entrado de Gibraltar e os que vinham de Southampton estavam em cima; o vapor fumegava, os escaleres afastavam-se, o nevoeiro estava desfeito, o sol dava uma cor rosada às casa brancas de Algesiras e de S.