— Não há nada... não há mesmo nada que queira contar-me?
Ele afastou-se um pouco e pôs-se a olhar para a parede, depois do que, como as crianças doentes costumam fazer, estendeu uma das mãos e examinou-a com atenção.
— Já lhe contei tudo o que tinha para contar... Fi-lo esta manhã.
Oh, sentia uma pena enorme daquela criança!
— Isso significa que não quer que o volte a incomodar?
A forma como me fitou dava a entender que acertara. Depois, com grande doçura, respondeu:
— Apenas quero que me deixe sozinho.
Pronunciara aquelas palavras com uma estranha dignidade, o que me obrigou a soltá-lo; mas já depois de levantada, senti alguma relutância em sair. Deus sabe que nunca quisera incomodá-lo, mas, ainda assim, sentia que virar-lhe as costas seria abandoná-lo, ou, para exprimir melhor as coisas, perdê-lo.
— Comecei a escrever a tal carta ao seu tio — disse.
— Nesse caso, por favor, acabe-a!
Deixei-me ficar um pouco mais.
— Que foi que aconteceu antes?
Miles olhou-me de novo.
— Antes de quê?
—Antes de regressar. E antes de partir.