Calafrio - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 46 / 164

Havíamos passado em revista, uma e outra vez, todos os pormenores da aparição que me fora dada a contemplar.

— E ele estava à espera de outra pessoa, diz a menina, de alguém que não estava consigo?

— Estava à procura do pequeno Miles.— Era como se, de repente, tudo se tivesse tornado claro perante os meus olhos. — Aquela criatura andava à procura afile!

— E como é que sabe?

— Sei, sei e sei! — A minha exaltação crescia. — E a senhora também sabe, minha cara!

Ela não o negou, mas o certo é que, mesmo que o tivesse feito, não me teria sido possível acreditar. Depois de uma breve pausa, a mulher perguntou:

— E se ele o vê?

— Quem? O pequeno Miles? Mas é precisamente isso que ele quer!

O rosto dela de pronto assumiu a expressão assustada de há apenas alguns instantes.

— O garoto?

— Deus nos livre e guarde! O homem. Ele quer aparecer-lhe. — Por muito assustadora que a ideia fosse, consegui manter a calma, e, enquanto ali estivemos, não deixei que o pânico me dominasse. Estava absolutamente convencida de que voltaria a ver o que já vira, mas algo dentro de mim insistia em dizer-me que, se me oferecesse com bravura enquanto única vitima de semelhante experiência, se a aceitasse, a convidasse, se a dominasse, eu poderia funcionar como uma espécie de bode expiatório, garantindo assim a tranquilidade dos demais habitantes da casa. As duas crianças, muito especialmente, deviam ser resguardadas e postas a salvo. Ainda me lembro de uma das últimas coisas que, ainda nessa mesma noite, observei a Mrs. Grose.





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