—Não dava qualquer importância ao assunto? — Isto encaixava-se às mil maravilhas com a ideia com que eu ficara dele: um cavalheiro que detestava confusões, embora estivesse longe de saber escolher as melhores companhias. Ainda assim, tratei de pressionar a minha informadora. — Garanto-lhe que, se fosse comigo, tinha mesmo ido falar com ele!
Ela acusou o toque.
— Admito que talvez tenha agido mal. Mas palavra que tinha medo.
— Medo de quê?
— Das coisas que aquele homem podia fazer. Quint era tão esperto... tão profundo.
Estas palavras afectaram-me mais que aquilo que deixei transparecer.
— E não teve medo de outra coisa? Do efeito que ele poderia ter...?
— Que efeito? — repetiu ela com uma cara de angústia e à espera que eu terminasse.
— O efeito que ele poderia ter naquelas vidas preciosas e inocentes. Ao fim e ao cabo, os garotos estavam ao seu cuidado.
— Não, não estavam! — retorquiu ela de imediato, aflitiva e inequivocamente. — O patrão confiava nele e mandou-o para cá porque o homem andava doente e os ares do campo só podiam fazer-lhe bem. Assim, era ele quem mandava aqui. Sim — prosseguiu ela, antecipando-se à pergunta que estava prestes a fazer-lhe —, até mesmo neles.
— Neles!? Aquela criatura? — Só muito a custo consegui conter uma espécie de uivo. — E a senhora foi capaz de o suportar?
— Não, de maneira nenhuma. E ainda hoje não o posso fazer! — E, ao dizer isto, a pobre mulher debulhou-se em lágrimas.