— Que esses patifes aqui ficaram durante tanto tempo? Acredito, má também sou obrigada a reconhecer que a indiferença por ele demonstrada deve ter sido horrível. De qualquer modo, não estou a pensar envolvê-lo nó assunto.
Ao fim de algum tempo e como única resposta, a mulher voltou a sentar-se ao meu lado e agarrou-me o braço.
— Por favor, obrigue-o a vir ter consigo!
Arregalei os olhos.
— Comigo! — E fui tomada de medo pelo que ela pudesse fazer. — Ele?
— Ele tem de estar aqui. Tem de ajudar-nos.
Levantei-me de um salto e a expressão do meu rosto deveria ser mais estranha que nunca.
— Está a imaginar-me a pedir-lhe que venha até cá? — Os olhos dela diziam que não, de maneira nenhuma. Muito pelo contrário, e como só uma mulher pode ler o que vai na alma de outra, Mrs. Grose conseguia ver o que eu previa: o riso escarninho e trocista do nosso patrão, o desprezo por me ver incapaz de resolver sozinha semelhante situação e por considerar tudo aquilo um estratagema por mim montado no sentido de chamar a sua atenção para os meus encantos. A minha companheira não sabia — ninguém sabia — o quanto me sentira orgulhosa por servi-lo dentro dos termos estabelecidos no nosso acordo. Ainda assim, talvez o tenha compreendido quando lhe fiz o seguinte aviso:
— Mrs. Grose, se a senhora perder a cabeça e resolver chamá-lo em meu nome...
A mulher parecia mesmo assustada.
— Sim, menina?
— Vou-me embora imediatamente. Deixo-a a si e a ele.