Um Caso Tenebroso - Cap. 11: XI - DESFORRA DA POLÍCIA Pág. 124 / 249

- Creio - replicou Malin - que a estes não os encontrou, pois estão escondidos na floresta de Nodesme, e é como se estivessem em sua casa.

Evitou, claro está, dizer ao Primeiro Cônsul e a Fouché as palavras a que devia a vida; mas, apoiando-se nas informações dadas por Corentin, convenceu o conselho de que os quatro gentis-homens haviam feito parte da conjura dos Senhores de Riviere e de Polignac, considerando Michu seu cúmplice. O prefeito de polícia confirmou as asserções do senador.

- Mas como pôde esse administrador saber que a conspiração estava descoberta no momento em que o imperador, o seu conselho e eu éramos os únicos conhecedores desse segredo? - perguntou o prefeito de polícia.

Ninguém prestou ouvidos à observação de Dubois.

- Se estão escondidos numa floresta e o senhor não os encontrou em sete meses - disse o imperador a Fouché -, já espiaram o seu erro!

- Basta que eles sejam meus inimigos - acorreu Malin, alarmado com a perspicácia do prefeito de polícia - para que eu imite a atitude de Vossa Majestade: peço, portanto, a sua irradiação e constituo-me seu advogado neste particular.

- Serão menos perigosos reintegrados que emigrados, pois terão de prestar juramento às constituições do Império e às leis - disse Fouché, que olhou fixamente para Malin,

- Em que ameaçam eles o Senhor Senador? - inquiriu Napoleão.

Talleyrand conversou uns momentos em voz baixa com o imperador. A irradiação e a reintegração dos Senhores de Simeuse e de Hauteserre pareceram então concedidas

- Sire - disse Fouché -, ainda pode voltar a ouvir falar desses senhores.

Talleyrand, a pedido do duque de Grandlieu, acabava de dar, em nome dos referidos senhores a sua palavra de gentil-homem, - coisa que exercia grande sedução em Napoleão - de que eles não voltariam a conspirar contra o imperador, e se declaravam submissos, sem pensamentos reservados.





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