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Capítulo 12: XII - UM DUPLO E MESMO AMOR

Página 135
Uma única sensação, mas que talvez seja imensa em certas organizações privilegiadas, pode dar uma ideia das emoções que Laurence experimentava; compreendê-la-emos se nos lembrarmos do acorde perfeito de duas belas vozes, como as da Sontag e da Malibran, em alguns harmoniosos duos; do uníssono completo de dois instrumentos tocados por dois executantes de génio, e cujos sons melodiosos penetram na alma como os suspiros de um só e único ser apaixonado.

Às vezes, ao ver o marquês de Simeuse, enterrado numa poltrona, relancear um olhar profundo e melancólico ao irmão, que conversava e ria com Laurence, o cura acreditava que ele fosse capaz de um imenso sacrifício; mas não tardava a surpreender nos seus olhos o relampejar da paixão invencível. Sempre que um dos gémeos se encontrava a sós com Laurence. podia crer-se exclusivamente amado.

- Nessa altura tenho a impressão de que eles os dois são um apenas - dizia a condessa ao abade Goujet, que a interrogava sobre o estado do seu coração.

O padre reconheceu então que nela não havia a mais pequena sombra de coquetterie. De facto, Laurence não se julgava amada por dois homens.

- Mas, minha querida filha - disse-lhe uma noite a Senhora de Hauteserre, cujo filho silenciosamente morria de amor por Laurence -, seja como for, é preciso escolher!

- Deixe-nos ser felizes - tornou-lhe ela-, Deus nos salvará de nós mesmos!

Adriano de Hauteserre no fundo do seu coração escondia um ciúme que o devorava, e guardava o segredo das suas torturas, compreendendo quão poucas poderiam ser as suas esperanças. Contentava-se com a felicidade de ver aquela encantadora criatura, que, durante os meses que durou esta luta, resplandeceu em todo o seu fulgor.

Com efeito, Laurence, que se tornara coquette, consagrou-se então a ter para consigo todos esses cuidados a que são dadas as mulheres amadas.

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pág. 135 (Capítulo 12)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 135

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236