Um Caso Tenebroso - Cap. 16: XVI - AS DETENÇÕES Pág. 172 / 249

- Mas, fugir, não será confessarmo-nos culpados? - disse o marquês de Simeuse.

- Não fujam! - ponderou Laurence.

- Sempre as mesmas sublimes tolices - comentou o cura, desesperado. - Se eu tivesse o poder de Deus, raptava-vos. Mas se eles me encontram aqui, neste estado, aproveitarão contra vós esta minha singular visita... Vou pelo mesmo caminho por onde vim. Pensem bem! Ainda estão a tempo. Os oficiais da justiça não se lembraram das paredes meeiras do presbitério, e vós estais cercados por todos os lados.

O ressoar dos passos da multidão e o tilintar dos sabres da gendarmaria encheram o pátio e chegaram à sala de jantar alguns instantes depois da partida do pobre cura que não tivera melhor êxito com os seus conselhos que o marquês de Chargeboeuf com os dele.

- A nossa existência comum - disse, melancolicamente, o mais novo dos Simeuse a Laurence - é uma monstruosidade, e o que sentimos um monstruoso amor. Esta monstruosidade atingiu-vos o coração. É talvez porque as leis da Natureza são alteradas nos gémeos que os gémeos cuja história chegou até nós todos foram infelizes. No que nos diz respeito, veja com que persistência o destino nos persegue. Aqui tem a sua decisão fatalmente adiada.

Laurence estava estupefacta: como um zumbido chegaram-lhe aos ouvidos estas palavras, sinistras para ela, proferidas pelo director do júri:

- Em nome do imperador e da lei! Estão presos os Senhores Paulo-Maria e Maria-Paulo de Simeuse, Adriano e Roberto de Hauteserre, Estes senhores - acrescentou, mostrando àqueles que o acompanhavam os salpicos de lama nas roupas dos incriminados - não poderão negar terem passado parte do dia a cavalo?

- De que é que os acusam? - perguntou, altivamente, a Menina de Cinq-Cygne.





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