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Capítulo 17: XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS

Página 186

Laurence, que torcia as mãos de desespero, ergueu os olhos ao céu num olhar desolador, pois só então se dava conta, em toda a sua profundidade, do precipício em que os primos haviam caído. O marquês e o jovem defensor aprovavam o discurso de Bordin. O pobre senhor de Hauteserre chorava.

- Porque não deram eles ouvidos ao abade Goujet, que queria que fugissem? - disse a Senhora de Hauteserre, exasperada.

- Ah! - exclamou o ex-procurador - se tivestes ocasião de os pôr a salvo e o não fizestes, vós próprios os matastes! A contumácia faz ganhar tempo, Com o tempo os inocentes esclarecem os casos, Este afigura-se-me o mais tenebroso que ainda vi na minha vida, e muitos e complicados tive ocasião de desenredar até hoje.

- É inexplicável para toda a gente, e até para nós - disse o Senhor de Gondreville. - Se os acusados estão inocentes é que outros deram o golpe. Cinco pessoas não se apresentam numa terra como por encanto, não arranjam cavalos ferrados como os dos acusados, não os imitam no seu aspecto exterior e não metem Malin num fosso propositadamente para perderem Michu, os Senhores de Hauteserre e de Simeuse. Os desconhecidos, os verdadeiros culpados, tinham um interesse qualquer quando• se meteram na pele destes cinco inocentes; para os encontrarmos, para lhes acharmos o rasto, precisaríamos, como o governo, de tantos agentes e tantos olhos quantas as com unas que existem num raio de vinte léguas em redor...

- É impossível- disse Bordin. - Nem vale a pena pensar nisso. Desde que as sociedades inventaram a justiça, nunca encontraram maneira de dar à inocência acusada poderes iguais àqueles de que o magistrado dispõe contra o crime. A justiça não é bilateral. A defesa, que não dispõe nem de espiões nem de polícia, não tem sequer a favor dos seus clientes o poder social.

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pág. 186 (Capítulo 17)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 186

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236