Um Caso Tenebroso - Cap. 20: XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA Pág. 217 / 249

Bastava que de mim os reclamassem, para os obterem. – O senhor senador não mandou queimar papéis no seu parque? - perguntou bruscamente o Senhor de Granville.

O senador olhou pata Grévin. Depois de trocar um rápido olhar com o notário - olhar esse que não escapou a Bordin - respondeu que não queimara papéis alguns. Tendo-lhe pedido o acusador público informações sobre a emboscada de que ele por pouco não fora vítima no parque, e se porventura se não teria equivocado sobre a posição da espingarda o senador disse que Michu se encontrava de atalaia em cima de uma árvore. Esta resposta, de acordo com o testemunho de Grévin, produziu grande impressão. Os gentis-homens permaneceram impassíveis durante o depoimento do seu inimigo, que os esmagava com a sua generosidade. Laurence estava na maior das agonias; e a cada instante o marquês de Chargeboeuf a retinha por um braço. O conde de Gondreville retirou-se cortejando os quatro gentis-homens, que não lhe retribuíram a saudação. Esta pequena coisa indignou os jurados.

- Estão perdidos! -segredou Bordin ao ouvido do marquês.

- Ai de nós! E a culpa é sempre a mesma: o orgulho dos seus sentimentos - respondeu-lhe o Senhor de Chargeboeuf.

- A nossa missão tornou-se agora facílima, meus senhores-e- disse o acusador público, levantando-se e olhando para os jurados.

Explicou o emprego feito pelos dois sacos de gesso na fixação da argola de ferro indispensável para firmar o cadeado que segurava a tranca que fechava a porta do subterrâneo, e cuja descrição se encontrava no auto lavrado essa manhã por Pigoult. Com toda a facilidade demonstrou que só os acusados sabiam da existência do esconderijo. Pôs em evidência as mentiras da defesa, pulverizou todos os argumentos graças às novas provas -tão miraculosamente aparecidas.





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