Em 1806 ainda se estava demasiado próximo do Ente Supremo de 1793 para se falar em justiça divina; aos jurados fez intercessores do Céu. Finalmente disse que a justiça não perderia de vista os cúmplices desconhecidos que tinham libertado o senador, e sentou-se aguardando, confiado, o veredicto.
Os jurados acreditaram na existência de um mistério; mas todos pareciam persuadidos de que esse mistério estava nas mãos dos acusados, que se calavam mim interesse particular da mais alta importância.
O Senhor de Granville, para quem era evidente a existência de uma maquinação qualquer, levantou-se; mas parecia acabrunhado, embora menos pelos novos testemunhos produzidos que pela manifesta convicção dos jurados. Excedeu ainda, talvez, a sua defesa da véspera o seu segundo discurso foi, com certeza, mais lógico e mais conciso que o primeiro. Mas sentiu que o calor das suas palavras era repelido pela frieza do júri: falava inutilmente, e dava por isso! Situação horrível e glacial. Observou como a libertação do senador, operada Como por magia, e naturalmente sem o concurso de nenhum dos acusados nem de Marta, corroborava os seus primeiros arrazoados. Certamente que ontem os acusados podiam achar-se convencidos da sua absolvição; e se estava nas suas mãos, como a acusação o supunha, manter preso ou soltar o senador, era de toda a evidência que só o teriam feito depois do julgamento. Procurou fazer compreender que apenas inimigos escondidos na sombra podiam ter vibrado aquele golpe.
Coisa estranha! O Senhor de Granville apenas lançou certa perturbação na consciência do acusador público e na dos magistrados, pois os jurados ouviam-no por obrigação. A própria assistência, sempre favorável aos acusados, estava convencida da sua culpabilidade.