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- De que caso fala, Monsenhor? - inquiriu Corentin, afivelando uma máscara nem fria de mais nem demasiado surpreendida.
- Pelo que vejo - replicou secamente o ministro -, não será nunca ninguém, tem medo...
- Que diz, Monsenhor?
- Da morte! - disse o ministro, na sua bela voz profunda e cava. - Adeus, meu caro.
- É ele - disse o marquês de Chargeboeuf, entrando no gabinete do ministro -; mas íamos matando a condessa, sufoca!
- Só ele era capaz de fazer uma patifaria destas - respondeu o ministro. - Senhor marquês - continuou -, estai sem risco de nada conseguirdes. Tomai ostensivamente a estrada de Estrasburgo, vou mandar entregar-vos um passaporte duplo em branco. Arranjai sósias, mudai de caminho discretamente e sobretudo de carruagem, deixai que prendam em Estrasburgo os vossos sósias, segui para a Prússia pela Suíça e a Baviera. A polícia está contra vós e vós não sabeis o que é a polícia!...
A menina de Cinq-Cygne ofereceu a Roberto Lefebvre uma importância capaz de o convencer a vir a Troyes pintar o retrato de Michu, e o Senhor de Granville prometeu a esse pintor, então célebre, todas as facilidades possíveis. O Senhor de Chargeboeuf partiu no seu «calhambeque», com Laurence e um criado que falava alemão. Mas, por alturas de Nancy, juntou-se a Gothard e à Menina Goujet, que os haviam precedido numa excelente caleche; ficou-lhes com a caleche e deu-lhes o «calhambeque». O ministro tinha razão. Em Estrasburgo o comissário geral da polícia recusou-se a visar o passaporte dos viajantes, opondo-lhe uma negativa absoluta. Nessa mesma altura, o marquês e Laurence saíam de França por Besançon, com eis passaportes diplomáticos. Laurence atravessou a Suíça nos primeiros dias de Outubro, sem prestar a mais pequena atenção àquele magnífico país.