- Que pretendeis? - disse ele, com uma fingida brusquidão, atravessando com o raio do seu olhar a cabeça de Laurence. - Já não tendes medo de me falar antes da batalha? De que se trata?
- Sire - disse-lhe ela, fitando-o com um olhar não menos fixo -, eu sou a Menina de Cinq-Cygne.
- E então? - tornou-lhe ele, numa voz colérica, julgando-se desafiado por aquele olhar.
- Pois ainda não compreendeis? Eu sou a condessa de Cinq-Cygne, e venho pedir-vos misericórdia - disse ela, caindo de joelhos e apresentando-lhe a petição redigida por Talleyrand, e apostilhada pela imperatriz, por Cambacéres e por Malin.
O imperador soergueu graciosamente a suplicante, relanceando-lhe um fino olhar e disse-lhe:
- Tereis juízo, finalmente? Já compreendestes o que deve ser o Império francês?
- Ah! neste momento só compreendo o imperador - disse ela, vencida pela bonomia com que o homem do destino dissera estas palavras que deixaram pressentir o perdão.
- Estão inocentes? - perguntou o imperador.
- Estão! - tornou-lhe ela, com entusiasmo.
- Todos? Não, o couteiro é um homem perigoso, capaz de matar o meu senador sem ouvir o vosso conselho.