Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 21: XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR

Página 231
Diante de uma mesa levantada em frente de uma fogueira de lenha verde, que deitava muito fumo, estava Napoleão sentado numa cadeira ordinária. As botas, todas enlameadas, falavam das suas caminhadas pelos campos. Despira a famosa sobrecasaca, e o seu célebre uniforme verde, riscado pelo grande cordão vermelho, realçado pelo avesso branco do calção de casimira e do colete, punha em grande relevo a sua pálida e terrível máscara cesárea. Tinha a mão em cima de um mapa desdobrado, poisado nos joelhos. Berthier estava de pé, no seu brilhante uniforme de vice condestável do Império. Constant, o criado de quarto, numa bandeja, apresentava o café ao imperador.

- Que pretendeis? - disse ele, com uma fingida brusquidão, atravessando com o raio do seu olhar a cabeça de Laurence. - Já não tendes medo de me falar antes da batalha? De que se trata?

- Sire - disse-lhe ela, fitando-o com um olhar não menos fixo -, eu sou a Menina de Cinq-Cygne.

- E então? - tornou-lhe ele, numa voz colérica, julgando-se desafiado por aquele olhar.

- Pois ainda não compreendeis? Eu sou a condessa de Cinq-Cygne, e venho pedir-vos misericórdia - disse ela, caindo de joelhos e apresentando-lhe a petição redigida por Talleyrand, e apostilhada pela imperatriz, por Cambacéres e por Malin.

O imperador soergueu graciosamente a suplicante, relanceando-lhe um fino olhar e disse-lhe:

- Tereis juízo, finalmente? Já compreendestes o que deve ser o Império francês?

- Ah! neste momento só compreendo o imperador - disse ela, vencida pela bonomia com que o homem do destino dissera estas palavras que deixaram pressentir o perdão.

- Estão inocentes? - perguntou o imperador.

- Estão! - tornou-lhe ela, com entusiasmo.

- Todos? Não, o couteiro é um homem perigoso, capaz de matar o meu senador sem ouvir o vosso conselho.

<< Página Anterior

pág. 231 (Capítulo 21)

Página Seguinte >>

Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 231

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236