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Capítulo 21: XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR

Página 232
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- Oh! Sire, se vós tivésseis um amigo que se houvesse sacrificado por vós, abandoná-lo-íeis? Não o...?

- Vós sois uma mulher - replicou-lhe ele, com uma inflexão irónica.

- E vós um homem de ferro! - tornou-lhe ela, com uma dureza apaixonada, que lhe agradou.

- Esse homem foi condenado pela justiça do País - voltou ele.

- Mas está inocente.

- Criança!... - exclamou ele.

Pegou na Menina de Cinq-Cygne pela mão e conduziu-a até ao cabeço.

- Aqui tendes - disse ele, com a sua eloquência, a eloquência de Napoleão, que fazia dos cobardes valentes -. aqui tendes trezentos mil homens, e inoc-entes, todos inocentes também! Pois bem, amanhã trinta mil, estarão mortos, mortos pelo seu país! Entre os Prussianos é natural que haja, talvez, um grande mecânico, um ideólogo, um génio que será ceifado. Do nosso lado é mais que certo perdermos grandes homens desconhecidos.

Enfim, talvez veja morrer o meu melhor amigo! Acusarei disso Deus? Não. Calar-me-ei. Ficai sabendo, Menina, que devemos morrer pelas leis do nosso País, como aqui morremos pela glória - acrescentou, conduzindo-a de novo para a cabana. - Ide, voltai para França - disse ele, olhando para o marquês -, as minhas ordens seguir-vos-ão.

Laurence pensou que Michu obteria uma comutação de pena, e na efusão do seu reconhecimento, dobrou o joelho e beijou a mão do imperador.

- Vós sois o Senhor de Chargeboeuf? - perguntou então Napoleâo, vendo o marquês.

- Sou, Sire.

- Tendes filhos?

- Muitos filhos.

- Porque não haveis de dar-me um dos vossos netos? Seria, meu pajem...

«Ah! eis o alferes a deitar a cabeça de fora - pensou Laurence -, quer ser pago da sua graça».

O marquês inclinou-se, sem responder; felizmente o general Rapp precipitara-se na cabana.

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pág. 232 (Capítulo 21)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 232

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236