Um Caso Tenebroso - Cap. 21: XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR Pág. 234 / 249

- Os inocentes devem ir a pé - disse ele. Não quis que o abade Goujet lhe desse o braço; caminhou digna e resolutamente até ao cadafalso. Na altura de se estender na prancha, pediu ao carrasco que lhe puxasse para baixo a sobrecasaca que lhe subira para o pescoço:

- A minha roupa é sua; procure não a estragar.

Os quatro gentis-homens quase não tiveram tempo de se encontrar com a Menina de Cinq-Cygne: uma ordenança do general comandante da divisão militar entregou-lhes a carta de alferes no mesmo regimento de cavalaria, com a ordem de se apresentarem imediatamente em Baiona. Após uma despedida dilacerante, pois todos tiveram o pressentimento do futuro, a Menina de Cinq-Cygne voltou para o seu castelo deserto.

Os dois gémeos morreram juntos, à vista do imperador, em Sommo-Sierra, um defendendo o outro, ambos chefes de esquadrão. A sua última palavra foi:

- Laurence, aqui morremos!

O mais velho dos Hauteserre morreu coronel no assalto do reduto da Moskova, onde o irmão tomou o seu lugar.

Adriano, nomeado general de brigada na batalha de Dresde, foi aí gravemente ferido, e pôde vir tratar-se para Cinq-Cygne. Procurando salvar aquele destroço. dos quatro gentis-homens que algum tempo tivera junto de si, a condessa, então com trinta e dois anos, desposou-o; mas ofereceu-lhe um coração emurchecido, que ele aceitou: aqueles que amam não duvidam de nada ou duvidam de tudo.

A Restauração veio encontrar Laurence já sem entusiasmo; os Bourbons chegavam tarde de mais para ela; no entanto, não teve que queixar-se; seu marido, nomeado par de França, com o título de marquês de Cinq-Cygne, era promovido a tenente-general em 1816 e recompensado com o cordão azul pelos eminentes serviços que prestara.