No intuito de não prejudicar o filho, a princesa, que se fizera devota, emparedara a sua vida íntima, e passava a estação estival em Genebra, numa
villa.
Uma noite, a senhora princesa de Cadignan tinha em sua casa a marquesa de Espard, e De Marsay, presidente do conselho. Foi a última vez que viu este seu antigo amante, pois ele veio a morrer no ano seguinte. Rastignac, subsecretário de Estado, adido ao ministério De Marsay, dois embaixadores dois oradores célebres que tinham ficado na Câmara dos Pares, os velhos duques de Leononcourt e de Navarreins, o conde de Vandenesse e a sua jovem esposa, d’ Arthez, encontravam-se lá também e formavam uma roda assaz estranha, cuja composição se explicará fàcilmente: tratava-se de obter do primeiro-ministro um salvo-conduto para o príncipe de Cadignan. De Marsay, que não queria tomar essa responsabilidade vinha dizer à princesa que o assunto estava em boas mãos. Um velho político devia trazer-lhe a solução durante aquela soirée. Anunciaram a marquesa e a Menina de Cinq-Cygne. Laurence, cujos princípios eram inflexíveis, sentiu-se não surpreendida, mas chocada por ver os representantes legitimistas mais ilustres, numa e noutra Câmara, conversando e rindo com o primeiro-ministro daquele a quem ela chamava sempre o senhor duque de Orléans, escutando-o. De Marsay, como uma lâmpada quase a extinguir-se, despedia as suas últimas centelhas. De bom grado esquecia as preocupações da política. A marquesa de Cinq-Cygne aceitava De Marsay como dizem que a corte de Áustria aceitava então o Senhor de Saint-Aulaire: o homem de sociedade abria as portas ao ministro. Empertigou-se, porém, como se o seu assento fosse de ferro ao rubro, quando ouviu anunciar o senhor conde de Gondreville.