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Capítulo 22: XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS

Página 243
«- Sois impetuoso, cavalheiro! - articulou o grande senhor nessa voz de baixo que conservou

e que levou o oratoriano a reprimir-se.

«- Sejam francos - disse um antigo convencional, mostrando a cabeça -, se Bonaparte vence, adorá-lo-emos; vencido, enterramo-lo,

«- Estava aí. Malin? – disse o dono da casa, sem se perturbar -; será dos nossos.

«E acenou-lhe para que se sentasse. A esta circunstância ficou a dever essa personagem, convencional bastante obscuro, o que ainda é hoje. Malin mostrou-se discreto, e os dois ministros foram-lhe fiéis; mas foi também o eixo da máquina e - a, alma da maquinação.

«- Esse homem ainda não foi vencido! -- exclamou Carnot, com um tom convicto -, e acaba de ultrapassar Aníbal.

«- Em caso de desgraça, aqui temos o Directório - tornou, espertamente, Sieyes, fazendo notar a todos que eram cinco.

«- E - disse, o ministro dos negócios estrangeiros - todos nós temos interesse na manutenção da Revolução francesa; todos três despimos a batina; o general votou pela morte do rei. Quanto a si - disse para Malin -, os seus bens são bens de emigrados.

«- Temos todos os mesmos interesses a defender - disse, peremptoriamente. Sieyês - e os nossos interesses estão de acordo com os da pátria. «- Coisa rara! -exclamou o diplomata, sorrindo.

. «- É preciso agir - acrescentou Fouché -; a batalha está travada e Mélas tem forças superiores. Génova rendeu-se, e Massena caiu na asneira de embarcar para Antibes: não é pois, certo que possa juntar-se a Bonaparte, condenado então a contar apenas com os seus próprios recursos.

«- Quem lhe contou isso? - perguntou Carnot. «- É informação segura - tornou-lhe Fouché. - Receberá o correio à hora da Bolsa.

«- Não estavam com meias medidas - observou De Marsay, sorrindo, e detendo-se um momento.

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pág. 243 (Capítulo 22)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 243

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236